Lucas di Grassi é o piloto brasileiro mais bem sucedido desta década. Ele foi campeão mundial de Fórmula E em 2017, vice em 2016 e 2018, e mantém o recorde de piloto com maior número de pódios (até agora, 32). Na sua carreira que já dura mais de duas décadas, ele competiu na Fórmula 1, Fórmula 3 e na corrida de Le Mans. Além disso, o trabalho incansável e pioneiro de Lucas como ativista ambiental não perde em nada para as suas realizações na pista: “Sim, sou piloto de corridas”, ele afirma, “mas sou movido por um profundo desejo de aprender como tornar o mundo um lugar melhor.”

Quando Lucas ainda tinha apenas 20 anos, ele criou um site que explicava como os motoristas poderiam reduzir as emissões de carbono dirigindo de forma mais eficiente. Quase 20 anos mais tarde, ele é embaixador para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, uma iniciativa global para melhorar a qualidade do ar em grandes cidades. Esta função levou ele para a linha da frente no combate à poluição. Lucas ficou chocado com o que ele presenciou durante uma visita em Nova Déli em 2018: “A qualidade do ar é tão ruim que as pessoas têm até dificuldade de respirar”, ele explica. “O desafio é bem maior do que imaginamos. É nossa obrigação de fazer algo a respeito.”       

Este “algo” é transporte sustentável: “Minha missão é simples”, ele afirma, “quero mais carros elétricos na rua e ar limpo onde nossos filhos brincam. Vamos conseguir essas duas coisas quando pararmos de depender de combustíveis fósseis.”

Desde a sua primeira corrida de carro totalmente elétrica em 2014, ele se tornou uma das maiores estrelas da Fórmula E, aproveitando o seu perfil para destacar os benefícios de carros elétricos (EV) e da e-mobilidade: “O principal propósito do automobilismo”, acredita ele, “é ajudar a sociedade por meio da inovação. Os fãs de corrida abraçam a energia elétrica quando percebem que não precisamos de pistões e gases para uma corrida emocionante.”

São Paulo: Sustentabilidade no Sambódromo
O E-Prix de São Paulo marca o início de um novo capítulo para um país com uma rica tradição automobilística. Também é motivo de grande orgulho pessoal para Lucas di Grassi: “A notícia de que São Paulo iria organizar a corrida foi música para os meus ouvidos. Nasci a alguns minutos de distância do circuito, é um sonho que se realiza de correr em frente da minha própria torcida.”    

Por que demorou tanto tempo para que a Fórmula E chegue em solo brasileiro? “Estou há dez anos tentando trazer o campeonato para o Brasil, mas encontrar os patrocinadores certos no momento certo resultou em que as estrelas nunca se alinhavam - até agora”, explica Lucas. Ele acredita que o evento, programado para apenas um mês depois do final de semana de carnaval, ganhará os corações dos fãs de corrida brasileiros e despertará o interesse na Fórmula E em toda a América do Sul: “Nossa história faz uma diferença,” ele afirma. “O Brasil já teve campeões mundiais na Fórmula 1 e Fórmula E. A corrida está no nosso sangue, e a Fórmula E usa essa tradição como base.”   

A localização espetacular desta corrida causou um alvoroço quando foi anunciada o ano passado, e a oportunidade dos fãs de ver o carro totalmente novo da Fórmula E pessoalmente aumentou seu interesse.

Como em várias corridas de Fórmula E, em São Paulo, os pilotos competirão num circuito de rua no centro de uma das cidades mais vibrantes do mundo. Os carros correrão roda a roda com velocidades de até 320 km/h diante de um cenário de palmeiras e arranha-céus. Lucas está animado com a expectativa: “Imagine só - o grid de largada é no Sambódromo. Trocamos os carros alegóricos por carros de corrida!”     

E o carro novo da Gen3 satisfaz tanto os entusiastas de corridas de carteirinha quanto os defensores da sustentabilidade, já que tem mais de 50% de potência a mais que seu antecessor e usa pneus sustentáveis e uma carcaça de fibra de carbono reciclada.

E-mobilidade: um legado para o Brasil
O talento automobilístico de Lucas di Grassi já foi reconhecido com as mais altas honrarias do esporte, e suas conquistas fora da pista poderiam cimentar o seu legado. Como seu ídolo e compatriota Ayrton Senna, Lucas sabe que o automobilismo pode ser usado para o bem. “Senna me ajudou a perceber que as corridas podem fazer uma diferença na vida das pessoas”, ele afirma. “Ele me inspirou e teve uma enorme influência na sociedade brasileira.” 

Para Lucas, a Fórmula E vai ajudar a cotovelar o Brasil em direção de um futuro mais sustentável, persuadindo os condutores de carros a usar EVs. “Ter uma corrida de carros elétricos em São Paulo vai dar início à mudança da mentalidade. Daqui a 20 - 30 anos, vamos olhar para trás e nos perguntar: ‘Como pudemos permitir que motores a combustão poluíssem nossas cidades e ameaçassem a saúde dos nossos filhos?’” Ele acrescenta: “A poluição do ar mata 10 milhões de pessoas por ano no mundo todo - é o equivalente de duas pandemias da COVID, e ninguém fala sobre isso.” 

Desafios futuros
Lucas reconhece que, quando se trata de tecnologia, o Brasil ainda está 5 a 10 anos atrás da Europa e dos EUA. Os EV são um exemplo perfeito. Apesar de muitos brasileiros já conhecerem seus benefícios, os EV ainda são muito caros em um país onde o salário médio é USD 700 por mês. Mas Lucas tem vários motivos para ser otimista:

  • Primeiramente, muitos brasileiros estão crescendo falando sobre sustentabilidade na mesa de jantar: 80% da energia do país já vem de fontes renováveis, e a floresta amazônica já faz parte de debates políticos há várias gerações.  

  • Em segundo lugar, Lucas acredita que a economia em desenvolvimento do Brasil será um motor crucial para as vendas de EV nos próximos dez anos: “Quando as pessoas saem da pobreza, elas consomem mais, e se tornam mais ambiciosas. Vimos com a experiência em outros países que, quando isso acontece, as vendas de EV vão disparar.” 

Felizmente, é o histórico como piloto de automobilismo de Lucas di Grassi que lhe confere credibilidade instantânea com os céticos: “As pessoas pensam que a sustentabilidade trata de abraçar árvores, mas é mais sobre o uso da tecnologia para construir um futuro melhor”, explica. Sua abordagem refrescante sempre coloca soluções práticas à frente da política. Veja suas perspectivas em relação ao desenvolvimento econômico e progresso humano: “O petróleo foi uma das melhores coisas que aconteceu para a humanidade”, ele afirma. “Ele criou uma prosperidade global, emprego e segurança energética em escala sem precedente. Mas a verdade simples é que o que era aceitável no passado, não é mais o certo.”      

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